Deputados articulam a criação de uma CPI para investigar os grampos telefônicos clandestinos.mp3 |
Da redação: Jurandir Antonio - Voz: Vinícius Antônio
O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Eduardo Botelho, do DEM, revelou que um grupo de parlamentares defende a abertura de uma CPI, Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o esquema de interceptações telefônicas ilegais em Mato Grosso.
O principal questionamento dos deputados é em relação à suposta participação de promotores do Ministério Público do Estado em esquemas de escutas clandestinas, conhecido como “Grampolândia Pantaneira”.
Novas revelações sobre o esquema vieram à tona no reinterrogatório dos coronéis da PM Evandro Lesco e Zaqueu Barbosa e do cabo Gerson Correa.
No depoimento, o cabo Gerson assegurou que pelo menos 15 operações foram realizadas pelo Gaeco, Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, com o uso de grampos ilegais.
O deputado estadual Dilmar Dal’Bosco, do DEM, defende que a Assembleia Legislativa crie uma CPI para investigar o esquema de grampos ilegais em Mato Grosso.
Já o deputado Valdir Barranco, do PT, afirmou que o Ministério Público Estadual agiu para proteger o ex-governador Pedro Taques no esquema das escutas clandestinas.
“À medida que vão ocorrendo as delações, a gente vê que houve sim uma rede de proteção por parte do MP, atuando como advogado de defesa”, acrescentou o parlamentar.
Barranco afirmou ainda que é favorável a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Assembleia Legislativa para apurar a chamada grampolândia pantaneira.
Para o deputado Lúdio Cabral, também do PT, o esquema de escutas clandestinas influenciou no resultado das eleições para governador de 2014. Na ocasião, o vitorioso foi o então senador, Pedro Taques, do PSDB. Cabral também quer a abertura de uma CPI para investigar o caso.
A deputada Janaína Riva, do MDB, que, segundo os militares, foi uma das pessoas grampeadas de forma irregular, cobrou a instalação de uma CPI para apurar as denúncias.
Na avaliação de Janaina, os militares expuseram uma “banda podre” do Ministério Público.
“A instituição, que deveria zelar pelos direitos dos cidadãos, teria patrocinado os grampos ilegais e violado o direito fundamental à privacidade de centenas de pessoas”, lamentou a deputada.
Apesar da pressão de muitos deputados pela abertura da CPI dos grampos, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Eduardo Botelho pediu cautela aos parlamentares.
Botelho entende que antes de tomar qualquer medida, o parlamento deve ouvir os esclarecimentos do procurador-geral de Justiça, José Antônio Borges.
O chefe do Ministério Público foi convidado pelo legislativo para prestar esclarecimentos sobre as denúncias de envolvimento de membros do MP com os grampos clandestinos.
José Antônio Borges confirmou que vai a Assembleia Legislativa conversar com os deputados nesta terça-feira, 23 de julho.