COLAPSO. Produtores não têm onde armazenar metade da safra de grãos do estado

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Foto da manchete: reprodução/comprerural

Por Jurandir Antonio – Voz: Enéas Jacobina

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Segundo levantamento da Conab, Companhia Nacional de Abastecimento, e do Imea, Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária, a safra 2024/2025 de soja e milho deve alcançar aproximadamente 106 milhões de toneladas, mas a estrutura de armazéns instalada comporta menos da metade desse volume, cerca de 49,4%.

O desequilíbrio é ainda mais evidente no milho, que tradicionalmente ocupa os armazéns após a soja, mas encontra espaços já tomados pela oleaginosa.

Essa limitação força parte da produção a ser estocada em soluções temporárias, como silos-bolsa, ou mesmo a ser comercializada em momentos de preços menos favoráveis, apenas para liberar espaço.

A concentração da colheita também amplia a pressão sobre a logística.

Com janelas mais curtas, que em algumas regiões não ultrapassam 30 dias, acontece um pico de oferta que congestiona armazéns, estradas e portos.

O cenário tende a se agravar nos próximos anos. Projeções do Imea indicam que o déficit de armazenagem pode atingir mais de 77 milhões de toneladas até 2034, caso o ritmo de investimentos permaneça no atual patamar.

Para equilibrar a relação entre produção e estocagem, seria necessário um crescimento anual de 11,4% na capacidade estática em Mato Grosso, quase três vezes superior ao ritmo observado nas últimas safras.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil estima que só Mato Grosso precisará escoar 145 milhões de toneladas de grãos até 2035, o que vai exigir cerca de quatro mil novas unidades de armazenagem, em investimentos avaliados em mais de 53 bilhões de reais.