Pesquisa mostra que pantanal perdeu 16% da massa de água em dez anos .mp3 |
Por: Jurandir Antonio
Voz: Eneas Jacobina
No mês que marca o Dia do Rio Paraguai, celebrado em 14 de novembro, pesquisas apontam que não há motivos para se comemorar.
Estudo realizado pela Unemat, Universidade do Estado de Mato Grosso, revela que o Pantanal tem 13% mais de dias sem chuva do que nos anos 60 e massa de água 16% menor, quando considerados os últimos 10 anos.
A dinâmica do Pantanal é influenciada pelo pulso de inundação, movimentos das águas que alternam entre as estações de seca, inundação, cheia e vazante.
O pulso de inundação é alimentado, não apenas pela precipitação local, mas pelo regime de chuva nas cabeceiras do Rio Paraguai, principal canal que conduz lentamente as águas do Pantanal.
No entanto, o padrão de inundação do Pantanal tem mudado.
“Embora seja encontrado um pulso de inundação bem definido no Pantanal do Norte, ao longo de uma série histórica de 42 anos, o número de dias sem precipitação aumentou muito, assim como a perda de massa de água na paisagem nos últimos 10 anos, especificamente durante a estação seca”, explica o professor da Unemat, Ernandes Sobreira Oliveira Junior, doutor em Ecologia pela Universidade Radboud, da Holanda.
Para mapear esse comportamento, pesquisadores ligados ao Centro de Limnologia Biodiversidade e Etnobiologia do Pantanal da Unemat, utilizaram dados históricos de precipitação, hidrologia e imagens de satélite para verificar os possíveis padrões de precipitação, retenção de água e nível do rio Paraguai nas últimas décadas.
Ao analisar, por exemplo, os dados para o mês de agosto, considerado o pico da estação seca, de 2008 a 2018, os cientistas notaram que o Pantanal Norte vem gradativamente perdendo água.
A área da massa de água, em agosto de 2008, era de 112 mil 590 hectares, enquanto em 2018 foi reduzida para 95 mil e 76 hectares, representando uma perda de 16% da área inundada, em apenas dez anos.
A redução da massa de água e de precipitação levam a um efeito cascata que altera todo o processo ecológico.
O impacto ocorre tanto no ambiente terrestre quanto no ambiente aquático.
A diminuição da área alagável afeta a reprodução de diferentes espécies, como peixes, mamíferos e pássaros.