Pesquisa avalia os benefícios e riscos do extrato da árvore “Lixeira"

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Da redação: Guilherme Alves
Voz: Guilherme Alves

Como todos sabem, o consumo excessivo de álcool aumenta o risco de complicações de saúde. O etanol consumido é metabolizado pelo fígado, podendo levar a alterações metabólicas severas, levando a um quadro de fibrose hepática, resultando em lesões crônicas, conduzindo a patologias como a esteatose hepática, o acumulo de gordura no fígado, hepatite álcoolica e que podem culminar em cirrose e falência do fígado.

A inexistência de terapias medicamentosas para cirrose hepática e as longas filas de espera para transplante de fígado no sistema público, impulsionaram o estudo desenvolvido no departamento de química da UFMT e coordenado pela professora Dra Cláudia M. B. Andrade. A pesquisa financiada pela Fundação de Amparo a Pesquisa, FAPEMAT,  teve como objetivo avaliar os efeitos do extrato bruto da Curatella americana L. no processo de ativação das células estreladas, chamadas HSCs, e sua possível aplicação em doenças hepáticas.

Conhecida como “Lixeira”, a árvore possui ampla distribuição no cerrado mato-grossense. Estudos etnobotânicos e etnofarmacológicos sugerem a utilização popular desta espécie vegetal para o tratamento de várias patologias, dentre elas,  a diabetes. Neste sentido, o estudo investigou o efeito do extrato hidroalcoólico da Lixeira sobre a modulação fenotípica de HSCs, visando buscar associação entre o potencial antioxidante e atividade antifibrótica. Os resultados mostraram que o extrato bruto em concentração igual ou menor que 2 mg/mL, não apresentou toxicidade para as células. Também se observou a redução nos parâmetros associados a ativação das HSCs, evidenciado pela redução da proliferação, migração e adesão das células, o que pode ter associação com a melhora no quadro de fibrose.

Contudo, a crença de que produtos naturais apresentam efeitos benéficos ao corpo humano, deve caminhar de forma harmoniosa com a utilização racional e com o método de preparo. A toxicidade de um extrato botânico pode ser diferente dependendo da parte da planta utilizada, o modo de preparo do macerado, e via de administração, podendo produzir efeitos tóxicos em maior ou menor grau.

Sendo assim, concentrações superiores a 3 mg/mL o extrato de C. americana L. apresentou citotoxicidade, promovendo morte das HSCs.

Deste modo, os dados apresentados pelos pesquisadores da UFMT sugerem que dependendo da concentração utilizada do extrato pode exercer um duplo efeito, atuando como antioxidante e prevenindo a ativação das HSCs e surgimento de lesões no fígado, ou como próoxidante, direcionando as células ativadas à morte e também comprometer outras populações de células presentes no fígado. 

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