Levantamento do Ipea mostra que a violência doméstica atinge mais as mulheres que trabalham fora.mp3 |
Da redação: Jurandir Antonio - Voz: Vinícius Antônio
Trabalhar fora e ter independência financeira não é garantia de proteção às mulheres contra a violência doméstica.
É o que aponta um estudo do Ipea, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, divulgada esta semana.
De acordo com os dados levantados, o índice de violência contra mulheres que integram a população economicamente ativa, cerca de 52%, é praticamente o dobro do registrado pelas que não compõem o mercado de trabalho quase 25%.
“Uma possível explicação é que, a presença feminina no mercado de trabalho, contrariando o papel devido à mesma pelos valores patriarcais, faz aumentar as tensões entre o casal, o que resulta em casos de agressões e no fim da união”, destacou o Ipea.
“Uma das conclusões é que o empoderamento econômico da mulher, a partir do trabalho fora de casa e da diminuição das discrepâncias salariais, não se mostra suficiente para superar a desigualdade de gênero geradora de violência no Brasil”.
De acordo com o estudo, outras políticas públicas se fazem necessárias "como o investimento em produção e consolidação de bases de dados qualificados sobre a questão, o aperfeiçoamento da Lei Maria da Penha e intervenções no campo educacional para maior conscientização e respeito às diferenças de gênero”.
Conforme o estudo do Ipea, o índice de violência doméstica com vítimas femininas é três vezes maior que o registrado com homens.
Os dados avaliados na pesquisa mostram também que, em 43% dos casos, a violência ocorre tipicamente na residência da mulher, e em 36% dos casos a agressão se dá em vias públicas.
Com relação à procura pela polícia após a agressão, muitas mulheres não fazem a denúncia por medo de retaliação ou impunidade: 22% delas recorrem à polícia, enquanto 20% não registram queixa”, apontou o trabalho do Ipea.