Desafio para cumprimento da Lei Maria da Penha é a mulher se reconhecer como vítima.mp3 |
Da redação: Vinícius Antônio
Mesmo 13 anos depois da sanção da Lei Maria da Penha e debates frequentes sobre a violência contra a mulher a coordenadora do Núcleo da Defesa da Mulher na Defensoria Pública de Mato Grosso, Rosana Leite, afirma que “hoje, o grande desafio é a mulher se reconhecer como vítima”.
A coordenadora disse ainda que em 2006, ano de criação da lei, o grande desafio era mostrar para a sociedade que o ambiente doméstico família não era inviolável.
“Se crimes aconteciam dentro de casa, o Poder Público tinha que entrar naquela casa. Hoje o grande desafio é fazer com que a mulher se enxergue como vítima, a situação que ela está e que a qualquer momento ela pode ser morta”, alerta a defensora pública.
Os dados dão conta que nos últimos três anos, o feminicídio matou 12 mil mulheres e quase 900 mil pediram medida protetiva em todo Brasil. A medida protetiva é uma conquista, mas a defensora aponta que muitas vezes a mulher não acredita que o companheiro pode acabar com a vida dela.
“Quando a mulher tem a medida protetiva deferida, ela recebe um papel que diz que o homem não pode se aproximar dela. Este mesmo papel é dado ao homem, mas, a mulher não acredita que pode ser morta pelo ex-marido e não informa que a medida protetiva não está sendo cumprida. Este é um grande problema, ela tem que acreditar que ele mata”, ressaltou Rosana Leite.
Mato Grosso está entre os estados brasileiros com maior índice de violência contra a mulher. Segundo a Defensora, as mulheres não se reconhecerem como vítimas é uma das razões para o grande número de feminicídios.
De acordo com a Secretaria Estadual de Segurança Pública, 20 mil 877 ocorrências envolvendo vítimas do sexo feminino foram registradas só no primeiro semestre deste ano.