Supersafra histórica expõe gargalos logísticos, falta de armazéns e ameaça renda do produtor

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Foto da manchete: reprodução/comprerural

Por Jurandir Antonio – Voz: Yaponira Cavalcanti

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O agronegócio brasileiro se prepara para mais um feito histórico com a projeção da Conab, Companhia Nacional de Abastecimento, de uma safra recorde de quase 355 milhões de toneladas de grãos no ciclo 2025/2026.

Apesar do crescimento produtivo que consolida o status do Brasil como referência global, o cenário interno revela desafios persistentes que comprometem a renda no campo e amplificam preocupações entre especialistas e lideranças do setor.

O primeiro e mais emblemático obstáculo é o déficit crônico de armazenagem.

Dados recentes apontam que mais de 125 milhões de toneladas de grãos precisam de espaços ou armazéns adequados.

Enquanto a recomendação internacional exige capacidade equivalente a 120% da produção anual, o Brasil sequer cobre 65% dessa meta.

Esse gargalo impõe pressão de venda no auge da colheita, restringindo a capacidade do agricultor de negociar melhores preços e acarretando perdas estimadas de até 15 reais por saca.

Outro ponto nevrálgico é a logística rodoviária.

Com mais de 60% da safra nacional fluindo por estradas, o custo do frete atinge patamares elevados, principalmente em períodos de supersafra.

No Médio-Norte de Mato Grosso, gastos logísticos chegam a consumir até 30% da receita bruta por saca.

A espera em portos e as perdas no transporte, agravadas pelas condições precárias de rodovias, drenam ainda mais a rentabilidade dos produtores.

Na perspectiva financeira, o cenário é igualmente desafiador: custos operacionais altos e créditos mais caros, puxados pela taxa Selic elevada, dificultam a sobrevivência econômica no campo.

Relatórios do setor mostram que o produtor brasileiro precisa colher e vender mais, apenas para manter o mesmo patamar de investimento em maquinário e insumos.

Diante desse quadro, especialistas defendem soluções práticas de mitigação: o investimento em armazenagem própria e a adoção de mecanismos de gestão de risco no mercado futuro.

Além da formação de cooperativas ou condomínios de produtores têm se mostrado alternativas eficazes para limitar os prejuízos oriundos da estrutura defasada.