Projetos para a construção de 179 usinas hidrelétricas ameaçam a bacia do Rio Juruena

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Foto da manchete:  Andreia Fanzeres – OPAN

Por Jurandir Antônio - Voz: Enéas Jacobina

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A bacia hidrográfica do rio Juruena, que fica no noroeste de Mato Grosso, é a mais extensa do estado, drenando cerca de 19 milhões de hectares em uma área que abrange 29 municípios.

A bacia concentra ainda 23 territórios de mais de uma dezena de povos indígenas.

A abundância de água tem atraído o setor hidrelétrico, por isso, os empreendimentos têm se multiplicado no local.

De acordo com o boletim de monitoramento de pressões e ameaças às terras indígenas na Bacia do rio Juruena, produzido pela OPAN, Operação Amazônia Nativa, são 179 usinas hidrelétricas projetadas para a região.

Em menos de cinco anos, foram acrescidos 51 projetos, uma média de mais de dez novos empreendimentos por ano.

As hidrelétricas têm afetado a dinâmica interna de povos indígenas.

Os Enawenê-Nawê já não têm peixes suficientes para a alimentação e a prática de rituais.

Além disso, tutãra, um molusco utilizado na confecção de um elemento central da organização social Rikbaktsa, corre risco de extinção.

De acordo com o geógrafo e autor do relatório, Cristian Felipe Rodrigues Pereira, o avanço do setor hidrelétrico representa uma ameaça à soberania alimentar e à reprodução cultural dos povos da bacia.

Desses 179 projetos inventariados, 20% estão em operação, 10% em construção e os outros 70% se encontram em fase de planejamento.

Na opinião do especialista, levando em consideração que a maioria não saiu do papel, ainda é possível tomar providências para evitar o pior.