Ministro Luís Roberto Barroso anuncia aposentadoria antecipada do STF

Áudio
Download do arquivo abaixo: (ou botão direito em salvar link como)

Pedro Lacerda - repórter da Rádio Nacional

Edição: Bianca Paiva / Bruna Athayde

Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O ministro Luís Roberto Barroso anunciou nesta quinta-feira (9) durante sessão plenária no Supremo Tribunal Federal (STF) que vai se aposentar, encerrando uma trajetória de mais de 12 anos na Corte. O magistrado já vinha sinalizando esse desejo publicamente, mas evitava falar em datas.

“Queridos amigos, prezados colegas, por 12 anos e pouco mais de três meses, ocupei o cargo de ministro deste Supremo Tribunal Federal, tendo sido presidente nos últimos dois anos. Ao longo desse período, enfrentei e superei com discrição dificuldades e perdas pessoais. Sinto que agora é hora de seguir outros rumos. Nem sequer os tenho bem definidos, mas não tenho qualquer apego ao poder.”

Nomeação e trajetória

Em um discurso emocionado, Barroso agradeceu a confiança depositada pela ex-presidente Dilma Rousseff, ao nomeá-lo ministro da Suprema Corte:

“Sou grato à presidente Dilma Rousseff, que me nomeou para o cargo da forma mais republicana possível: sem pedir, sem insinuar, sem cobrar e ao presidente Lula por sua firme defesa do Tribunal quando esteve sob ataque. Com altivez, mas sem bravatas, cumprimos com honra nosso dever e o nosso destino. A história nos dará o crédito devido e merecido.”

Na presidência do Tribunal e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) pelos últimos dois anos, Barroso destacou que percorreu literalmente o país inteiro – do Oiapoque ao Chuí – sempre em contato com os magistrados e os cidadãos, procurando aproximar o Judiciário do povo.

“Conversei com todos, indígenas e produtores rurais, patrões e empregados, situação e oposição. Não discriminei ninguém. Conheci mais profundamente o país na sua pluralidade e diversidade e vi aumentar o meu amor por essa terra e sua gente.”

Perfil

Natural de Vassouras, no Rio de Janeiro, Barroso passou a integrar o Supremo em junho de 2013, ocupando o lugar vago deixado por Carlos Ayres Britto. Em seu discurso de despedida, o magistrado também elogiou o papel da imprensa no combate à desinformação.

“Nesses tempos de desinformação e de perda da importância da verdade, nunca precisamos tanto da imprensa oficial que se move pela ética e pela técnica jornalística e checa as notícias e distingue fato de opinião. Mentir precisa voltar a ser errado de novo.”

Por fim, o ministro Barroso declarou que vai passar os últimos anos de vida sem a exposição pública, as obrigações e as exigências do cargo, procurando focar em temas como espiritualidade, literatura e poesia.