"COQUETEL TÓXICO". MPF recomenda criação de "Zonas Livres de Agrotóxicos" na região do Xingu

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Foto da manchete: Site Abrasco

Por Jurandir Antonio – Voz: Yaponira Cavalcanti

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O Ministério Público Federal emitiu um documento em que exige a adoção de medidas urgentes para proteger o Parque Indígena do Xingu e seus povos da contaminação sistêmica por agrotóxicos, incluindo a criação de "zonas livres de agrotóxicos" na região.

A Recomendação do MP tem como base uma série de denúncias, investigações científicas e relatórios que apontam para um risco grave e contínuo à saúde, ao modo de vida e ao meio ambiente das etnias que habitam a região devido a expansão da monocultura no entorno do território indígena, que fica em Mato Grosso, o maior comercializador de agrotóxicos do país.

O documento destaca que, apesar da demarcação territorial, a Terra Indígena Xingu sofre os "efeitos deletérios da aplicação de agrotóxicos" há anos, afetando água, ar e alimentos.

A publicação aponta ainda que pesquisas da Fiocruz e da UNIFESP confirmaram a presença de quantidades alarmantes de agrotóxicos em amostras de água, incluindo a de chuva, e em alimentos básicos indígenas, como peixes.

Embora substâncias isoladas estejam, em alguns casos, abaixo dos limites brasileiros, a soma e interação entre elas criam um "coquetel tóxico" com impactos cumulativos e crônicos preocupantes.

O uso de aviões e drones para pulverização aérea agrava o problema, com os ventos carregando partículas químicas para dentro da Terra Indígena, atingindo aldeias e rios.

O Ministério Público Federal considera a falta de regulamentação um "vácuo normativo" e exige que o Poder Público adote a criação de Zonas Livres de Agrotóxicos, proibindo o uso e a pulverização a uma distância mínima não inferior a 10 quilômetros do limite da Terra Indígena, para evitar a contaminação.