07 COQUETEL TÓXICO. MPF recomenda criação de Zonas Livres de Agrotóxicos na região do Xingu.mp3 |
Foto da manchete: Site Abrasco
Por Jurandir Antonio – Voz: Yaponira Cavalcanti
Texto do áudio:
O Ministério Público Federal emitiu um documento em que exige a adoção de medidas urgentes para proteger o Parque Indígena do Xingu e seus povos da contaminação sistêmica por agrotóxicos, incluindo a criação de "zonas livres de agrotóxicos" na região.
A Recomendação do MP tem como base uma série de denúncias, investigações científicas e relatórios que apontam para um risco grave e contínuo à saúde, ao modo de vida e ao meio ambiente das etnias que habitam a região devido a expansão da monocultura no entorno do território indígena, que fica em Mato Grosso, o maior comercializador de agrotóxicos do país.
O documento destaca que, apesar da demarcação territorial, a Terra Indígena Xingu sofre os "efeitos deletérios da aplicação de agrotóxicos" há anos, afetando água, ar e alimentos.
A publicação aponta ainda que pesquisas da Fiocruz e da UNIFESP confirmaram a presença de quantidades alarmantes de agrotóxicos em amostras de água, incluindo a de chuva, e em alimentos básicos indígenas, como peixes.
Embora substâncias isoladas estejam, em alguns casos, abaixo dos limites brasileiros, a soma e interação entre elas criam um "coquetel tóxico" com impactos cumulativos e crônicos preocupantes.
O uso de aviões e drones para pulverização aérea agrava o problema, com os ventos carregando partículas químicas para dentro da Terra Indígena, atingindo aldeias e rios.
O Ministério Público Federal considera a falta de regulamentação um "vácuo normativo" e exige que o Poder Público adote a criação de Zonas Livres de Agrotóxicos, proibindo o uso e a pulverização a uma distância mínima não inferior a 10 quilômetros do limite da Terra Indígena, para evitar a contaminação.