Atlas revela que mulheres negras são as que mais morrem de forma violenta

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Foto da manchete:  Fernando Frazão/Agência Brasi

Por Jurandir Antonio – Voz: Enéas Jacobina

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O Brasil voltou a registrar queda na taxa de homicídios em 2023, mas as mortes de mulheres seguem em estagnação preocupante, mostram dados do Atlas da Violência, divulgados nesta segunda-feira.

Segundo o documento, a taxa de homicídios, que representa o número de mortes a cada 100 mil habitantes, foi de 21,2 no Brasil em 2023, um leve recuo, se comparado à taxa de 21,7 de 2022, segundo o Atlas.

Em números absolutos, foram 45 mil 747 assassinatos, contra os 46 mil 409 do ano anterior, que representa queda de quase mil e 500 mortes.

A taxa de mulheres, porém, permaneceu inalterada pelo 3º ano seguido, em 3,5 a cada 100 mil. 

O número de mulheres assassinadas cresceu 2,5% entre 2022 e 2023, passando de três mil 806 para três mil.903.

De acordo com o Atlas, quase 1/3 dos homicídios de mulheres aconteceram dentro da casa delas.

O Atlas da Violência é um relatório anual produzido pelo Ipea, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, do governo federal, e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Em 2023, as maiores taxas de homicídios de mulheres foram registradas em estados da região amazônica. 

Roraima liderou, com 10,4 homicídios a cada 100 mil mulheres, seguido por Amazonas e Rondônia, ambos com 5,9.

Em 10 estados brasileiros a taxa aumentou, em 15 caiu e em outros dois permaneceu estável.

De acordo com a pesquisa, em Mato Grosso a taxa de homicídios de mulheres entre 2022 e 2023 caiu 8,1%

Das três mil 903 mulheres assassinadas no Brasil em 2023, duas mil 662 eram negras, o que representa 68,2% do total.

A taxa de mortes de mulheres negras é de 4,3, enquanto é de 2,5 para as mulheres não negras.

O Atlas revela que a violência doméstica continua sendo uma das principais ameaças às mulheres, crianças e adolescentes.

Em 2023, foram registrados mais de 177 mil casos de violência doméstica contra mulheres, um aumento de 22,7% em relação a 2022.

Esse tipo de violência corresponde a 64,3% de todos os atendimentos relacionados à violência contra mulheres no sistema de saúde.

A maioria dessas agressões foi de natureza física, com 37,4%, seguida por casos com múltiplas formas de violência combinadas, que representam 30,3% dos casos.

Em oito de cada 10 casos, a violência aconteceu dentro de casa.