| Mais de 60% dos municípios mato-grossenses tem risco alto para dengue.mp3 |
Foto da manchete: reprodução Brasil 61
Por Angélica Córdova | Brasil 61
A situação dos municípios do Mato Grosso quanto à dengue preocupa o estado. Segundo dados da Vigilância epidemiológica estadual, em 2021, 87 dos 141 municípios apresentaram alto risco para a contaminação da dengue. Os dados fazem parte do relatório consolidado das semanas 1 a 52 de 2021, resultantes do Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa).
Em Mato Grosso, a metodologia teve de sofrer adaptações por conta da pandemia. Muitos municípios desmobilizaram suas equipes de vigilância epidemiológica e ainda estão se reorganizando. Ainda assim, o último levantamento foi realizado por mais de 90% das cidades mato-grossenses.
Os municípios da região Oeste e Centro do estado, além da capital, Cuiabá, e da segunda maior cidade, Várzea Grande, apresentam altos índices de infestação pelo Aedes aegypti. Sinop, Sorriso, Marcelândia, Itaúba, Nova Ubiratã são alguns dos municípios com alta incidência de dengue. O índice é medido levando em conta o número de habitantes, a quantidade de casos notificados e a incidência de criadouros do mosquito. Como a maior parte dos municípios do Mato Grosso tem até 10 mil habitantes, muitas vezes o número absoluto de casos é baixo, o que permite uma ação pontual e focada para eliminação de focos do mosquito.
“A situação do estado pode ter se agravado por conta da Pandemia de Covid 19 e uma eventual falta de cuidado com a higiene ambiental. As pessoas ficaram mais em casa, o que gerou mais lixo, maior cultivo de plantas. Comedouros e bebedouros de animais também são reservatórios ativos e precisam de atenção”, avalia o Secretário Adjunto de vigilância e atenção à Saúde do MT, Juliano Melo.
Ele ponderou que muitos municípios do estado ainda sofrem com fatores que são agravantes para a geração de criadouros como a intermitência na rede de abastecimento de água. Essa situação acaba acarretando armazenamento inadequado de água, o que abriga os criadouros do tipo A, que são grandes recipientes, como as caixas d'água alocadas no chão. Nesses casos, é necessário cobrir bem a superfície e colocar tela de proteção. Como a maior parte dos municípios do Mato Grosso tem até 10 mil habitantes, é possível fazer o combate químico ao mosquito da dengue usando apenas a bomba costal.
Contudo o sucesso no combate à dengue depende do engajamento individual. “Muitas vezes as pessoas consideram que seu ambiente é seguro, sem fazer inspeção. Quando são registrados casos graves de dengue e a vigilância vai inspecionar in loco, em 90% dos casos há presença de criadouros dos vetores”, relata o epidemiologista Juliano Melo.