09 Estudo mostra que brinquedos plásticos apresentam alto nível tóxico.mp3 |
Tatiana Alves – Repórter da Rádio Nacional
Edição: Fábio Cardoso / Beatriz Arcoverde
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Os brinquedos plásticos comercializados no Brasil apresentaram altos níveis de toxicidade. A conclusão é de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em colaboração com a Universidade Federal de Alfenas (Unifal) após análise feita em 70 produtos de fabricação nacional e importados.
O estudo também revelou que grande parte dos brinquedos não segue as normas de segurança do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e da União Europeia.
Para o pesquisador Bruno Alves Rocha, autor do trabalho de pós-doutorado apoiado pela Fapesp, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, a falta de uma padronização universal e de critérios mais rígidos de inspeção desses produtos são os maiores desafios para a fabricação de brinquedos seguros:
"O país enfrenta grandes desafios para controlar brinquedos importados, especialmente de locais com padrões de fabricação menos rigorosos. Quando quase metade dos brinquedos que analisamos excede os limites para bário, isso é uma evidência direta de que a vigilância de rotina não está funcionando de forma adequada. Precisamos urgentemente de um reforço na fiscalização e de uma vigilância mais ativa e rotineira, com um sistema de controle mais rigoroso e eficiente."
O caso mais grave encontrado no estudo envolve o bário: 44,3% das amostras ultrapassaram o limite permitido, com concentrações de até 15 vezes acima do valor regulamentar. A exposição ao bário pode causar problemas cardíacos e neurológicos, como arritmias e paralisias.
Também foram identificados níveis elevados de chumbo, crômio e antimônio. O chumbo pode provocar danos neurológicos irreversíveis em crianças, problemas de memória e diminuição do coeficiente de inteligência (Q.I.). O nível de concentração do chumbo estava quase quatro vezes acima do permitido.
A pesquisa utilizou processos de análise que permitem simular a liberação de substâncias químicas pelo contato com a saliva das crianças.