Se tem uma categoria profissional mais atacada nestes tempos de fascismo ela se chama Professor. O atacam porque não querem o conhecimento, não querem a perspectiva de um ensinamento libertário, não querem o saber que liberta os cidadãos, que transforma pessoas em seres humanos solidários. Todas as ditaduras, em qualquer lugar do mundo, atacaram em primeiro lugar os professores.
A segunda categoria mais atacada é a dos jornalistas. Temos consciência de que há fascistas nesses dois campos. Há professores reacionários, retrógrados e até fascistas. Como há, idem, jornalistas. Conhecemos professores e jornalistas desprecíveis. Um jornalista mostrou mais uma vez sua face de triste memória na véspera do Dia do Professor, proferindo inverdades e fazendo coro à sanha que projeta Professoras e Professoras como os inimigos da vez do fascismo nacional. Este jornalista é um sujeito despresível e não perderemos, por ora, tempo com ele.
Isto por que entendemos que a imensa maioria dessas duas categorias são pessoas democráticas, que sequer são filiadas a partidos. São seres humanos que vivem o cotidiano dos dramas humanos e se sensibilizam com eles. Por esta razão, abraçam bandeiras que combatem essas atrocidades e defendem um mundo melhor. Não são de esquerda ou de direita. São, antes de tudo, humanos.
Por aqui findamos este paralelo.
Vamos concentrar este texto nas Professoras e Professores. Como em outros momentos históricos de nosso país, elas e eles estiveram à frente na luta contra a barbárie, se postaram entre os brutucus na defesa da Educação pública, laica e de qualidade. Enfrentaram milhares (milhões, talvez) de vezes o arbítrio, seja em defesa da civilidade e da democracia ou por melhores condições salariais e laborais. Lutar por melhores salários e condições de trabalho é combater por Educação de qualidade.
Foi assim na ditadura, nos governos democráticos e, pasmem!, nas administrações populares. São fortes as imagens de professoras e professores presos, torturados, exilados e mortos na ditadura dos generais de 1964. Do mesmo modo são impactantes as memórias da feroz repressão que essas mulheres e homens sofreram durante o governo de Rodrigo Rollemberg. Aquelas imagens dos ataques policiais à categoria no Eixo Monumental, na Esplanada dos Ministérios e nos Eixos das Asas jamais se apagarão das mentes dos democratas do Distrito Federal.
Agora as professoras e professores de Brasília e do resto do Brasil estão às voltas com outros monstros a espreitarem a liberdade de ensinar. Um deles é a militarização das escolas públicas que vem sendo imposta pelo governador Ibaneis Rocha. A pretexto de combater a insegurança pública, o governo estigmatiza e criminaliza as comunidades das regiões mais pobres do Distrito Federal e, por tabela, impõe um sistema espartano ao professorado.
O outro monstro - que baba com a língua à direita, exala muco e secreta bilis - é o da escola sem partido. O fascismo avança a passos largos tentando enquadrar o magistério em suas normas de controle de mentes e corações. Neste afã, a palavra de ordem é impedir qualquer pensamento de liberdade, qualquer sopro de senso crítico.
Se assim proceder, o professorado receberá a acusação inquisitória medieval de "doutrinador ideológico", duas palavras que estabelecem uma sentença, senão de morte física, ao menos morte profissional, a fogueira da inquisição em forma de um estigma tão falso quanto emulador de gentes teleguiadas pelos mecanismos de controle dos incautos.
É por esta e outras razões que nós, do Muvuca Brasília, consideramos que lembrar, comemorar e refletir sobre o Dia da Professora e do Professor é um momento de questionar se não estamos abandonado a civilização e caminhando para a barbárie.
Por suas persistências
Por suas resiliências
Por suas resistências
Parabéns, Professoras e Professores!