| Protocolo de Atendimento visa evitar que crianças vítimas de violência sexual tenham que relatar o fato mais de uma vez.mp3 |
Por Vinícius Antônio
Texto do áudio:
Centro e trinta crianças foram vítimas de algum crime sexual em Cuiabá no ano passado.
Em todos os casos de violência sexual que se tornaram inquéritos policiais, a criança teve que contar a humilhação que passou e reviver um sentimento de nojo e até mesmo culpa.
Entre o atendimento policial, processual e até de saúde, a criança acaba contando até 10 vezes a mesma história.
Para acolher a vítima e evitar que reviva a dor, foi lançado o “Protocolo Integrado de Atendimento a Crianças e Adolescentes Vítimas ou Testemunhas de Violência”, em solenidade virtual transmitida pelo YouTube.
O procurador-geral de Justiça de Mato Grosso, José Antônio Borges Pereira, disse que esse protocolo integrado sempre foi uma grande demanda da área da infância em razão da dificuldade de escutar uma criança.
Ele acrescentou que, para realizar esse trabalho, além dessa normativa e dos fluxogramas estabelecidos, é fundamental o investimento do poder público nas delegacias que normalmente são a porta de entrada dos casos de violência,
Para a presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, desembargadora Maria Helena Póvoas, o protocolo representa um avanço extraordinário na defesa da criança e do adolescente.
A magistrada acredita que a criação de um fluxo único de trabalho para todo o sistema de Justiça evita que a vítima ou testemunha preste inúmeros depoimentos, um em cada instituição. A cada novo depoimento, a criança revive a dor, a vergonha e a humilhação pela qual passou.
Maria Helena afirma que evitar a revitimização é ponto alto desse trabalho.
O documento ainda prevê a capacitação dos agentes envolvidos e o desenvolvimento de política de comunicação com a sociedade para que os adultos estejam aptos a ouvir e amparar crianças e adolescentes em risco.