| Pesquisa em inquéritos traça o perfil das mulheres vítimas de violência em Várzea Grande.mp3 |
Por Jurandir Antonio – Voz: Vinícius Antônio
Texto do áudio:
O ciclo de violência doméstica começa com atitudes que configuram baixo risco de morte, como discussões, ciúmes, proibições aparentemente banais, evoluindo para xingamentos, humilhações e atos isolados de agressões físicas.
Nesta fase, as vítimas dificilmente denunciam ou procuram ajuda, por uma série de motivos, mas principalmente, porque acreditam que o companheiro pode mudar.
Essas informações constam da dissertação de mestrado da escrivã da Polícia Civil de Mato Grosso e jornalista, Luciene Oliveira, com o tema “O feminicídio no processo da violência é evitável? Políticas de proteção às mulheres em situação de violência”.
Foram considerados casos registrados na Delegacia da Mulher, Criança e Idoso de Várzea Grande, nos anos de 2016 e 2017.
A pesquisa, que analisou detalhadamente 17 inquéritos, mostra que a maioria são mulheres jovens e adultas, sendo que 35% têm entre 36 e 45 anos e 35% têm 18 a 25 anos, com baixa escolaridade, prevalecendo ensinos fundamental e médio, incompletos ou completos, que moram em bairro periféricos.
A maioria define sua ocupação profissional como “do lar” representando 35% dos casos pesquisados, ou seja, mulheres que cuidam do trabalho doméstico em tempo integral e não remunerado.
As estudantes vêm em seguida, com 23%. As que trabalham fora estão em empregos pouco remunerados, a maioria em serviços gerais, são 12%.
A residência foi o local mais preponderante da agressão, com 76%, identificado na dissertação, e a via pública teve menor incidência, com 24%, presente em quatro inquéritos.
É importante ressaltar que 12 mulheres, 71%, se sentiram ameaçadas de morte e pediram medidas protetivas; outras cinco, 29%, entenderam não ser necessário e recusaram as garantias previstas na Lei Maria da Penha.