Mais de 100 crianças indígenas menores de cinco anos morreram em Mato Grosso em 2021.mp3 |
Foto da manchete: Agência Brasil
Por Jurandir Antonio – Voz: Yaponira Cavalcanti
Texto do áudio:
Mato Grosso foi o terceiro estado do país que registrou o maior número de mortes de crianças indígenas, de 0 a 5 anos, em 2021.
Os dados são do relatório Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil do Cimi, Conselho Indigenista Missionário, divulgados esta semana.
De acordo com o documento, 42 crianças eram do sexo feminino e 64 do masculino, totalizando 106 mortes no último ano.
Mato Grosso só ficou atrás do Amazonas, que registrou 178 mortes, e de Roraima, que teve ao todo 149 nessa faixa etária.
No Brasil, foram registradas 744 mortes de crianças indígenas de 0 a 5 anos, segundo dados da Sesai, Secretaria Especial de Saúde Indígena.
O estado ficou ainda em primeiro lugar no Brasil com o maior número de mortes de crianças, de 0 a 5 anos, sem assistência.
Ao todo, foram 22 em Mato Grosso, sendo cinco meninas e 17 meninos.
Em seguida vem o Amazonas, com oito mortes, e em terceiro lugar aparece o Pará com sete.
Para o coordenador do Cimi, Gilberto Vieira dos Santos, os dados refletem a falta de ações do Governo Federal em relação às comunidades indígenas no estado.
Na avaliação dele, o Governo Federal não agiu de maneira adequada no atendimento às comunidades indígenas, no que diz respeito à atenção à saúde. Segundo ele, em muitos lugares as pessoas tiveram dificuldade de acesso até mesmo à alimentação.
O coordenador atribuiu ainda o alto número de mortes de crianças às pressões que têm acontecido nos territórios indígenas no Estado, ou em seu entorno.
Ele responsabilizou a pesca predatória em muitos territórios, como um dos motivos do agravamento da saúde dos povos indígenas.
“O garimpo, o desmatamento, o avanço do uso de agrotóxicos, isso tudo causa impacto na vida das comunidades. E, com certeza, na questão alimentar e na saúde”, explicou Gilberto Vieira dos Santos.