Federação do Artesanato de Mato Grosso avança na sua organização

Entidade, que congrega cinco associações do Estado, realizou assembleia e escolheu grupo de trabalho para consolidar sua institualização e definir atividades para 2025

 

Da Redação

 

AFederação de Artesanato de Mato Grosso (FAMT) vem se consolidando e avança em sua organização institucional e no desenvolvimento de suas atividades. Na última assembleia da entidade, ocorrida na última terça (11.02), os participantes aprovaram a criação de um grupo de trabalho para impulsionar suas tarefas organizacionais e de apoio às associações parceiras e seus filiados. A reunião foi secretariada e conduzida pelo advogado da cultura Mario Olimpio, consultor do Mutirum Instituto da Cultura.

“A Federação nasceu com o intuito de fortalecer o artesanato de Mato Grosso. Nós, que já conhecemos bem as dificuldades, sabemos das nossas necessidades. A Federação surgiu com a colaboração de várias mãos. Ela  foi criada em junho do ano passado. Tivemos muitas dificuldades para resolver as questões burocráticas, tirar CNPJ, idas e vindas ao contador, até que, graças a Deus, deu certo. Hoje, estamos nos reunindo para avançarmos ainda mais na nossa organização”, pontuou Jilaine Maria da Silva Brito, presidente da entidade.

Jilaine Brito é presidente da Associação das Redeiras de Limpo Grande (Tece Arte), uma das cinco associações que participaram da fundação da FAMT. As outras entidades foram: Associação Indígena Ahukugi; Associação dos Expositores Artesãos Mãos do Araguaia; Associação de Arte e Cultura Nova Xavantina; e Associação dos Artesãos de Progresso (Assoarte). Outras associações estão sendo integradas à Federação, uma das tarefas da diretoria e ampliar a sua representatividade

“Este ano completo quatro anos à frente da Associação das Redeiras de Limpo Grande, aqui em Várzea Grande. Acredito que, quando nos unimos com outras pessoas, conseguimos promover melhorias. O objetivo da Federação é exatamente esse: fortalecer o artesanato e mostrar o nosso Mato Grosso para o mundo. Aqui temos muitas pessoas talentosas, e queremos continuar divulgando nossa arte. E é isso!”, exclamou Jilaine.

A ceramista Valéria dos Santos Menezes, da Assoarte, moradora de Tangará da Serra, é a tesoureira da FAMT e fala também sobre a importância da Federação. “Estou aqui para ajudar no que for preciso. Acredito que a união faz a força e vamos nos apoiando mutuamente. Tenho muita esperança de que a Federação do Artesanato de Mato Grosso contribuirá muito com as associações, com os artesãos e com todos que estiverem conosco. Acho que só temos a ganhar, tanto na valorização do nosso trabalho no Brasil quanto no exterior”, enfatizou ela. 

Roseno Lino, artesão de Barão de Melgaço, trabalha com viola-de-cocho, canoas, remos e outros produtos do cotidiano pantaneiro e ribeirinho. Ele conta parte da sua história de vida e e profissional, e analisa a importância da Federação. “Eu sou filho de Adolfo, lá do Rio Piraím. Nasci e fui criado lá. Aprendi a fazer viola-de-cocho com meu avô quando eu tinha 12 anos. Hoje, já são 73 anos dedicados à fabricação de violas. Depois, fui trabalhar em outras áreas, mas nunca abandonei a arte de fazer viola-de-cocho. Em 2002, produzi algumas peças em Cuiabá. Depois desse período, dei aula em Barão de Melgaço. Foram 19 alunos, a maioria jovens entre 10 e 12 anos, curiosos para aprender”, relata. “A Federação é um órgão que ajuda muita gente, principalmente os artesãos”, acrescenta. 

Ari Carvalho, artista plástico baiano que reside em Sinop, também participou da assembleia da FAMT e também comentou sobre a importância da FederaçãoEle é presidente da Associação de Belas Artes de Sinop e considerou ainda a necessidade de os artesãos serem melhor qualificados no emprego das ferramentas de comunicação, tanto racionais, mas, sobretudo, das mídias digitais.

“Tenho conversado muito sobre a Federação com muitas pessoas que conheço, especialmente com os artesãos aqui de Sinop. Acho muito importante esse movimento para agregar todo mundo. Na minha visão, que trabalho há muitos anos com artes plásticas, percebo que a maioria dos artesãos está meio perdida quando se trata de movimentação e organização. Aqui em Sinop, temos a Associação dos Artesãos, que conta com uma base em um espaço muito movimentado na cidade. Mesmo com esse local e com algum apoio da prefeitura, ainda falta profissionalização”, ressalta.

“Uma das principais dificuldades, como falamos na última reunião, é que muitos não têm familiaridade com o digital. Isso é algo fundamental e que a Federação deveria destacar como prioridade. O marketing digital e as redes sociais são essenciais para o reconhecimento do trabalho desses artistas. Conheço muitas pessoas talentosas que não recebem a visibilidade que merecem simplesmente por não conseguirem divulgar seus trabalhos”, alerta, propondo que o letramento digital esta seja uma das tarefas da Federação voltadas para a formação dos artesãos.

Aurélia Trindade, que produz artesanatos em macramê e arte sacra, faz parte de duas associações que reúnem artesãos em Barra do Garças, sua cidade: a Associação Mãos do Araguaia e o Instituto Varanda. “Trabalho com artes em macramê e também com arte sacra. Acredito que a Federação é muito positiva para nós, artesãos. É algo novo para todos, mas vejo que estão fazendo um excelente trabalho. Sinto orgulho de fazer parte disso”, assinalou.

Sônia Chagas é artesã e artista plástica. Ela é presidente do Instituto Varanda, entidade que reúne artesãos e artistas de várias vertentes artísticas de Aragarças, onde mora, e de Barra do Garças e Pontal do Araguaia. “Trabalho com cerâmica primitiva há cerca de cinco anos. Moro em Aragarças, mas atuo no Vale do Araguaia como um todo. Atualmente, tenho explorado diversas vertentes do meu trabalho e sinto a necessidade de uma Federação que realmente nos ajude. Para mim, é muito importante esse movimento, pois acredito que a Federação pode nos levar mais longe. Podemos nos apoiar nela para conquistar nossos objetivos e levar nosso artesanato não só para o nosso estado, mas para o mundo”, enfatizou.

Anne Carmos, artesã, mas atualmente com foco em elaboração de projetos e produção cultural, é colaboradora do Mutirum Instituto da Cultura. Ela também participou da assembleia da FAMT. “Estou à disposição para contribuir com a Federação”, finalizou.