| Depois de esperar três dias por uma UTI, Cacique Xavante não resiste e morre de covid em Cuiabá.wav |
Jurandir Antonio - Voz: Vinícius Antônio
Morreu em Cuiabá nesta segunda-feira, Domingos Mahoro, cacique da Terra Indígena Sangradouro, da etnia Xavante.
Aos 60 anos, o cacique não resistiu às complicações causadas pelo novo coronavírus.
Mahoro deu entrada ao Hospital das Clinicas de Primavera do Leste no dia 25 de junho, já em estado grave.
Foi necessário um pedido na Justiça, feito pela família do indígena, para que ele fosse transferido para um leito de UTI.
Domingos foi internando no Hospital Estadual Santa Casa, em Cuiabá, após três dias de espera pelo leito, mas não resistiu e morreu horas depois.
O cacique era uma importante figura do ativismo indígena e um nome de destaque entre as lideranças Xavante.
No ano passado, esteve à frente do projeto "Independência Indígena", que ofereceu capacitação para agricultura nas aldeias.
Este ano, colaborou nos esforços para combate à disseminação do coronavírus entre comunidades indígenas, especialmente aquelas de sua etnia.
O número de mortes entre o povo Xavante vem crescendo rapidamente. Entre outras razões, estão grande proporção de indígenas com comorbidades, deficiência no serviço de saúde oferecido às comunidades e o modo como se organizam as aldeias, com casas muito próximas umas das outras, somada à quantidade elevada de pessoas por habitação, o que facilita a propagação do coronavírus.
O sepultamento de Mahoro foi na terra indígena Sangradouro, que fica próxima a Primavera do Leste, sem a típica cerimônia xavante.
Outra vítima fatal da etnia xavante foi o técnico de enfermagem Fabrício Uprewa. Ele vivia numa aldeia da região do Araguaia e morreu de Covid-19, em Barra do Garças.
Mais de 100 xavantes já foram infectados pelo novo coronavírus no estado.
