CPI-representante da Davati admite que sabia sobre suposta propina.mp3 |
Foto da manchete:Edilson Rodrigues / Agência Senado
Por Leandro Martins - Repórter da Rádio Nacional - Brasília
O representante da Davati Medical Supply no Brasil, Cristiano Carvalho, disse que é apenas um vendedor da empresa norte-americana, sem maiores vínculos. Chamado para depor na CPI da Pandemia, nesta quinta-feira (15), para falar sobre suspeitas de propina na compra de vacinas Astrazeneca, Carvalho contou que tem experiência de 25 anos nessa área, e que atua como intermediário entre a Davati e governos municipais, estaduais e federal.
Mas, Cristiano Carvalho apresentou aos senadores uma carta de representação da Davati, em inglês. Eduardo Braga, do MDB, contestou, e disse que o depoente seria, sim, um representante oficial e não apenas um "simples vendedor" da empresa.
Perguntado sobre sua relação com o Ministério da Saúde, Cristiano Carvalho respondeu que, no dia três de fevereiro deste ano, o ex-diretor de Logística da pasta, Roberto Dias, começou a contatá-lo, a partir de mensagens, dizendo que o governo estava em busca de vacinas.
E que esteve lá somente uma vez, em 12 de março, levado pelo policial militar Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que já depôs na Comissão. Quando foi ao Ministério da Saúde, o depoente informou que o então secretário-executivo Elcio Franco disse a ele desconhecer que as vacinas já vinham sendo negociadas com Roberto Dias:
Cristiano Carvalho leu uma carta enviada pelo presidente da Davati nos Estados Unidos, Herman Cardenas, para o então secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, dizendo que precisava de uma carta de intenção de compra do governo para garantir 96 milhões de vacinas para o Brasil.
Para chegar ao alto escalão do Ministério da Saúde, Carvalho explicou que houve influência do reverendo Amilton Gomes, presidente da ONG Senah, Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários, através do Coronel Hélcio Bruno, do Instituto Força Brasil. O representante da Davati contou ainda que, junto com Dominguetti, participou de uma reunião com os dois. E que, após o encontro, o PM usou o termo “comissionamento” para falar sobre o suposto pedido de propina.
Durante o depoimento, senadores da base governista ressaltaram que a compra de vacinas através da empresa norte-americana não aconteceu, mas os outros parlamentares apontaram que os relatos do depoente indicam necessidade de investigação.
Antes de Cristiano Carvalho começar a depor na Comissão, os senadores decidiram sobre requerimentos. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, será chamado de volta à CPI, para prestar esclarecimentos sobre o processo de compra da vacina Covaxin.
Edição: Bianca Paiva / Guilherme Strozi