Brasil tem maior biofábrica do mundo para criação de mosquitos do bem

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Madson Euler - Repórter da Rádio Nacional

Edição: Bianca Paiva/ Beatriz Arcoverde

Foto: shammiknr/Pixabay

O Brasil agora possui a maior fábrica de criação “dos chamados mosquitos do bem” do mundo. A Wolbito Brasil, localizada em Curitiba, no Paraná, foi inaugurada no sábado e é a maior biofábrica do mundo especializada na criação do mosquito Aedes aegypti com a inserção da bactéria Wolbachia. 

A tecnologia inovadora, que bloqueia o vírus no interior do mosquito, vai ajudar no controle de doenças como dengue, Zika e Chikungunya. A expectativa é que cerca de 140 milhões de brasileiros sejam beneficiados pela iniciativa nos próximos anos.

A fábrica teve investimento de mais de 82 milhões de reais e é resultado de uma parceria entre a Fiocruz, a Wolbito do Brasil, o Instituto de Tecnologia do Paraná, o Instituto de Biologia Molecular do Paraná e o World Mosquito Program. Ela vai atender a demandas do Ministério da Saúde brasileiro.

O Ministro Alexandre Padilha detacou que a fábrica é um exemplo da importância da continuidade de projetos de interesse público, independentemente do Governo. 

"O compromisso de todo o Ministério da Saúde ao longo desses anos para que a gente pudesse chegar no dia de hoje falar com tanto orgulho que a gente tá inaugurando a maior fábrica dessa tecnologia do mundo mostrando o tamanho e a força e a importância de ter continuidade nos projetos; o quanto que a gente às vezes interrompe uma ideia, um projeto, uma pesquisa, um esforço, um investimento pela descontinuidade dos projetos e assim a gente consegue garantir essa continuidade e o Brasil avança cada vez mais. Desde 2014, nós fizemos o início desse teste em Niterói, que reduziu quase 70% os casos de dengue."

Inicialmente, os mosquitos eram produzidos na biofábrica da Fiocruz, no Rio de Janeiro. Com a ampliação do método de produção de mosquitos infectados com wolbachia, o Ministério da Saúde espera controlar as arboviroses de forma mais eficiente, superando o modelo tradicional focado apenas em inseticidas. 

O método já estava em uso em menor escala no país há dez anos. Com a nova biofábrica, a produção alcança 100 milhões de ovos por semana e apresenta bom custo-benefício para o governo: para cada R$ 1 investido, o país economiza até R$ 500 em medicamentos, internações e tratamentos.

Essa iniciativa posiciona o Brasil como referência global no controle de arboviroses, com a tecnologia já adotada em 14 países.