Pesquisa realizada pela Embrapa revela que uso de herbicidas cresceu 128% no Brasil

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Foto da manchete: Assessoria Embrapa

Por Jurandir Antonio – Voz: Yaponira Cavalcanti

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Uma pesquisa realizada pela Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, em parceria com a Universidade de Rio Verde, revelou que o uso de herbicidas nas lavouras brasileiras aumentou 128% entre 2010 e 2020.

O levantamento, feito a pedido do Ministério da Agricultura e Pecuária, mostra que o volume comercializado passou de 157 mil toneladas no início da década para quase 330 mil toneladas no final do período.

O salto no consumo chamou a atenção da FAO, Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, que solicitou uma análise técnica sobre os motivos por trás da escalada.

O avanço se deve principalmente à dependência do glifosato como ferramenta de controle de plantas daninhas.

O herbicida, que representa mais de 30% de todos os agrotóxicos vendidos no país, tornou-se pilar da agricultura brasileira após a adoção em larga escala de culturas resistentes à substância.

No entanto, o uso contínuo do produto favoreceu o surgimento de espécies resistentes, obrigando os agricultores a adotarem misturas com dois, três ou até quatro princípios ativos para manter o controle das invasoras.

Para os pesquisadores, o cenário é um alerta para o esgotamento do modelo atual.

Segundo a Embrapa, o glifosato não foi substituído, foi complementado. A resposta ao problema foi aumentar a carga química, o que traz impactos ambientais e econômicos cada vez maiores.

O estudo também aponta alternativas para reduzir a dependência de herbicidas químicos.

Uma das frentes é o manejo físico, com sistemas como o consórcio milho-braquiária, que reduz a emergência de plantas daninhas ao manter o solo coberto após a colheita.

O uso de pulverizadores inteligentes, com sensores de presença, e até tecnologias emergentes como lasers e jatos de água quente com espuma selante, também são citados como ferramentas promissoras, embora ainda pouco adotadas.

Outra aposta da Embrapa são os bioherbicidas. A instituição já desenvolve um produto biológico à base de fungos para o controle da corda-de-viola.