PASTORAL DA ECOLOGIA INTEGRAL ARQUIDIOCESE DE CUIABÁ (PEI) CURSO PARA A FORMAÇÃO DE AGENTES DA PEI

*Juacy da Silva

Estamos iníciando o nosso Curso, um passo importante para o fortalecimento da Pastoral e, assim, podermos organizar as Equipes Paroquiais da referida Pastoral e, nesta dinâmica, agirmos de uma forma mais estruturada, organizada, dinâmica e continuada, através de projetos, enfim, como Cristãos e Cristãs, podemos oferecer UM MELHOR CUIDADO COM A CASA COMUM.

Estamos em plena SEMANA LAUDATO SI, e dentro de pouco mais de uma semana estará tendo início do JUNHO VERDE, com diversos dias dedicados a temas importantes da Ecologia Inregral.

Ate ontem `a noite, o número de inscritos no CURSO era de APENAS 25 pessoas, apesar do esforço que fizemos divulgando, insistindo, visitando mais de 18 Paroquias. Imaginavamos que, diante da CARTA CONVITE  assinada pela nossa Coordenadora Olindina, e “chancelada” pelo Padre Deusdédit, Vigário Geral da Arquidiocese de Cuiaba e nosso Orientador Espitirual e pelo nosso Arcebispo Bom Mário, endereçada a todas as Paróquias, Escolas Católicas, Pastorais, movimentos e organismos de nossa Arquidiocese, a resposta, em minha opinião pessoal, tem sido meio fraca.

Creio que precisamos de uma CONVERSÃO ECOLÓGICA dentro da própria Igreja Católica, conforme nos exorta o Papa Francisaco, não apenas individual, mas uma CONVERSÃO ECOLÓGICA COMUNITÁRIA, esta seria a única forma, concreta e direta, de  nós, como Cristãos e Cristãs, principalmente CATÓLICOS E CATÓLICAS, que temos o Papa Francisco como nosso Pastor, que não se cansa de exortar quanto `a gravidade da degradação do planeta, da destruição da biodiversidade e tantos outros PECADOS ECOLÓGICOS, que contribuem para o aquecimento global e a terrivel MUDANÇA CLIMÁTICA, cujas consequências já são sobejamente conhecidas, na forma de tragédias socioambientais, como atualmente está acontecendo no Rio Grande do Sul e que tanta consternação e solidariedade tem despertado.

Bem sabemos que a solidariedade é importante nesses momentos, mas apenas isso não é suficiente, precisamos ir mais a fundo, `as causas que causam essas tragédias, cada vez mais frequentes e mais catastróficas, que é a destruição dos biomas e ecossistemas. Se não combatermos essas formas de destruição do planeta, de pouco adiantarão nossos consternamentos e nossa solidariedade. O momento, diante de tantas tragédias ambientais, exigem de nós, uma reflexão mais profunda e não apenas despertar emoções que geram o aumento do sofrimento, mesmo naquelas pessoas que não estão sendo afetadas diretamente por tais tragédias.

Oxalá possamos acordar de nossa letargia, de nossa omissão e nossa alienação diante da gravidade das questões socioambientais e podermos, como Cristãos e Cristãs, como Igreja, enfim, como seres humanos despertar a nossa CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA, enquanto é tempo.O negacionismo ambiental é tão grave quanto as ações irracionais que levam e geram tais tragédias.

Se nada ou pouco for feito diante da celeridade, rapidez como as mudanças  climáticas estão acontecendo, muitas outras tragédias, todas anunciadas, como essas  que tanto males, sofrimento, mortes e perdas materiais estão ocorrendo não apenas no Brasil, mas em diversos países mundo afora, vamos ter que conviver no que chamam de “novo normal”, aquecimento global, mudanças climáticas e, tragédias em cima de tragédias.

Agora mesmo, inúmeros estudos estão apontando que em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil, principalmente no Pantanal e na Amazônia, teremos tragédias piores do que ocorridas nos últimos anos, com secas prolongadas, rios, córregos secando, incêndios florestais, queimadas, poluição do ar, perda da fertilidade dos solos, aumento das áreas degradadas, mais destruição da biodiversidade vegetal e animal. Este é o cenário previsto para o restante de 2024 e 2025.

No caso do Brasil, estamos `as vésperas das eleições Municipais quando os eleitores, a grande maioria constituida por Cristãos (Católicos e Evangélicos), irão escolher, livremente, através das Urnas Eletrônicas, 5.565 prefeitos e prefeitas e, um verdadeiro “exército” de 57.60 vereadoras e vereadores de todos os municípios brasileiros.

Oxalá, esses prefeitos e prefeitas, essas vereadoras e vereadores, que forem eleitos/eleitas e deverão goverrnar nossos municípios, despertem para a gravidade das questões socioambientais e de fato, nao apenas no papel, incluam em suas propostas e planos de governo, políticas públicas, programas, projetos e ações voltadas para as questões ambentais.

Não precisamos inventar a roda, todos nós conhecemos muito bem quais são os graves problemas e desafios que estão presentes em nossos municípios e cidades, não importa se pequenas, médias, grandes, capitais, Regiões Metropolitanas, na área ambiental, tais como precariedade vergonhosa da situação do saneamento básico (água, lixo- resíduos sólidos, esgotos a céu aberto, córregos e rios que já se transformaram em verdadeiros esgotos a céu aberto; falta de arborização urbana, especulação imobiliária, uso e ocupação do solo de forma caótica), precariedade e falta de moradias, empurrando a população pobre para as periferias, deterioração dos Centros Históricos, poluição das águas, do solo e do ar, trânsito e transporte caóticos que contribuem para a emissão de gases de efeito estufa e o aquecimento global, enfim, um sem número de problemas na área ambiental, além dos demais que fogem desta dimensão que também são gravíssimos.

A Laudato Si, insiste em algumas premissas que devemos refletir profundamente: a) tudo está interligado, nesta Casa Comum, ou seja, o que fazemos ou deixamos de fazer em uma parte do planeta afeta todas as demais regiões; b) na raiz dos problemas socioambientais, na degradação e destruição do planeta e de cada bioma e ecossistema estão as ações e omissões dos seres humanos; c) Os pobres e excluídos são os mais afetados pelas consequências das tragédias climáticas e socioambientais e que mais sofrem; d) a nossa geração não é a última que vai existir na face da terra e, por isso, precisamos garantir que as futuras gerações possam viver em um planeta em condições de desfrutarem de uma vida digna; e) a destruição das florestas, o usso ganancioso e irracionais dos recursos naturais para a busca apenas de um lucro imediato e que seja acumulado em apenas poucas mãos, gera pobreza, exclusão, miséria e fome, enfim, a destruição dos biomas e ecossistemas não deve ser considerado como sinônimo de progresso, pelo contrário, o caminho não pode ser outro a não o desenvolvimento sustentável integral, onde todos sejam beneficiados pelos “frutos do progresso” e não  apenas uma minoria.

Essas são algumas das preocupações que devem despertar as pessoas para uma responsabilidade maior, tanto pessoal quanto comunitária e institucional, entidades Governamentais, não governamentais, inclusive as Igrejas quanto ao nosso compromissao com o Bem comum, com a defesa e um melhor cuidado com a CASA COMUM, razões mais do que suficientes para que a Pastoral da Ecologia integral, tanto da Arquidiocese de Cuiabá quanto as existentes em todos os demais Estados, contribuam para formar pessoas que possam ampliar seus conhecimentos e agirem , de forma organizada e coletivamente, no enfrentamento desses e tantos outros desafios que temos diante de nós, hoje e muito piores e maiores em futuro não muito longíquo.

*Juacy da Silva, professor fundador, titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, Sociólogo, mestre em sociologia, ambientalista, articulador da Pastoral da Ecologia Integral (PEI). Email profjuacy@yahoo.com.br Instagram @profjuacy  Whats app 65 9 9272 0052