Mais de 500 mil javalis foram abatidos em 8 meses no Brasil

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Reprodução/Aqui Tem Javali

LOC.: Dados do Sistema de Informação de Manejo de Fauna (Simaf), operado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e obtidos com exclusividade pelo portal Brasil 61, mostram que os 511.466 javalis abatidos este ano no país, apenas até o mês de agosto, são um novo recorde.

Os abates autorizados, que são declarados voluntariamente por usuários cadastrados no Simaf, aumentaram em 465% desde 2020 (90.528). De lá para cá, foram 1,710 milhão de animais mortos oficialmente. Para o professor e coordenador de capivaras e javalis da Universidade Federal de São Paulo (USP/ESALQ-LOG), Paulo Bezerra, o dado pode ser até 5 vezes maior.

TEC./SONORA: Paulo Bezerra, prof. e coord. capivaras e javalis da USP/ESALQ-LOG

“Nós fizemos uma enquete com os caçadores: nenhum caçador abate 1, 2 animais por autorização com validade de 6 meses. Eles abatem, no mínimo, três. Então, na realidade, os relatórios são declaratórios. Portanto, eles abatem 10, 20, 30, 50 animais, mas não têm coragem, nem tempo, nem paciência para preencher o relatório no Simaf. Então, eles preenchem os dados relatando o abate de 1 ou 2 animais.”

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LOC.: Endêmica da Europa e da Ásia, a espécie não possui predador natural no Brasil e, somada à rápida reprodução, se tornou uma praga principalmente no Centro-Sul do país.

Em Mato Grosso do Sul, a crescente população de javalis faz estragos por onde passa. Fernanda Lopes de Oliveira, consultora técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do estado, defende uma integração entre produtores, iniciativa privada e poder público para fazer o manejo populacional efetivo, bem como necessidade de investimento na pesquisa para dados mais precisos sobre a ocorrência do animal.

TEC./SONORA: Fernanda Lopes de Oliveira, consultora técnica da FAMASUL
“Eles causam prejuízos direto às lavouras, especialmente de milho, soja, cana de açúcar e pastagens, destruindo áreas durante a alimentação e o deslocamento. Além dos danos econômicos, representam um risco sanitário para diversas cadeias produtivas, por poderem transmitir doenças e comprometer a bioseguridade”

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LOC.: O oeste de Santa Catarina também vem se transformando numa nova fronteira para os javalis. A pesquisadora Virginia Santiago, da Embrapa Suínos e Aves, conduz estudo sobre a expansão da praga pelo estado e os impactos à população.

TEC./SONORA: Virginia Santiago, pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves
“Sobretudo essa invasão traz riscos sanitários para os animais e para o homem, pelos impactos que eles causam também no ambiente, contaminando ambientes, solo, água e isso também veicula patógenos  que podem acometer outras espécies”.

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LOC.: Uma norma técnica de 2013 do Ibama define como é feito o controle de javalis no país e estabelece critérios para cadastro de caçadores. Rafael Salermo, engenheiro agrônomo e fundador da Associação Brasileira de Caçadores Aqui tem Javali, pede que os órgãos de fiscalização não apenas apoiem a atividade como deixem de perseguir os caçadores.

TEC./SONORA: Rafael Salermo, fundador da Associação Brasileira de Caçadores Aqui tem Javali

“O caçador hoje é uma pessoa que é muito sabatinada, muito averiguada para estar fazendo esse controle. Até porque o produtor rural também não permitiria que uma pessoa que não fosse da sua confiança adentrasse, inclusive armado, na sua propriedade para realizar essa atividade”.

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LOC.: Na Câmara dos Deputados, o deputado Alceu Moreira (MDB-RS) apresentou uma proposta que entrega a competência do combate à espécies nocivas aos estados e municípios e flexibiliza a comercialização de produtos para o controle.

TEC./SONORA: Dep. Alceu Moreira (MDB-RS)

“O que queremos é fazer isso de maneira ordenada, com pessoas que vão fazer de maneira espontânea, com custo próprio, mas que tenham condição de fazer de maneira regrada, de tal maneira que tem o controle disso que vai se transformando numa epidemia com grandes riscos para a economia do país.”

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LOC.: O projeto está em análise pela Comissão de Saúde da casa. A intenção do autor e da Frente Parlamentar de Agropecuária é aprovar um requerimento de urgência e votar a matéria no plenário da Casa ainda este ano.

Reportagem, Álvaro Couto. Locução, Sophia Stein