Ídolo do futebol mundial, Diego Maradona morre aos 60 anos

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Por Lincoln Chaves - Rio de Janeiro

O "pibe" (garoto, em espanhol) que virou "Dios" (Deus). Diego Armando Maradona não precisou ter mais que 1,65 metro para se tornar uma divindade - literalmente. Pois é, existe uma Igreja Maradoniana, fundada há 28 anos, com seguidores até de fora da Argentina, onde ele é o ídolo máximo.

Mas se Maradona é Deus, Diego foi humano. Nesta quarta-feira (25), aos 60 anos, um dos maiores jogadores de futebol da história não resistiu a um ataque cardiorrespiratório, que sofreu em casa, na cidade de Tigre, zona norte da região metropolitana da capital Buenos Aires.

No início de novembro, Maradona foi submetido a uma cirurgia no cérebro para drenar um hematoma subdural. A família decidiu que ele permaneceria hospitalizado devido à anemia e a um quadro de abstinência de álcool, que o fez ser sedado durante a recuperação. O ídolo argentino havia recebido alta no último dia 11 para continuar a recuperação em casa.

A luta contra vícios, principalmente o das drogas, marcou a vida de Maradona. Em 1991, ele foi suspenso por 15 meses por uso de cocaína. Três anos depois, durante a Copa do Mundo de 1994, caiu no doping por uso de efedrina, chegando a sair de campo com o jogo em andamento, acompanhado por uma enfermeira. Nos anos 2000, entrou em coma e ficou perto da morte após ingerir um coquetel de remédios.

Já dentro de campo, Maradona foi brilhante. Revelado pelo Argentinos Juniors, clube que deu o nome do craque a seu estádio, brilhou com a camisa do Boca Juniors, time do coração. Por sete milhões de dólares, transferência mais cara do futebol mundial na época, foi comprado pelo Barcelona, da Espanha.

No clube seguinte, o Napoli, Diego viveu o melhor momento dele na Europa. No time italiano, que era pouco conhecido fora do país na ocasião, foi bicampeão nacional e vencedor da Copa da Uefa. Não à toa, o argentino é idolatrado na cidade de Nápoles. Tanto que o prefeito, Luigi de Magistris, defendeu que o estádio San Paolo, casa do Napoli, receba o nome de Maradona.

Mas foi vestindo a camisa alviceleste da Argentina que Maradona encantou o mundo. Em 1986, foi o grande nome do bicampeonato mundial dos hermanos. Ficou marcado por um gol de mão contra a Inglaterra - que ele próprio apelidou de "Mano de Dios" (mão de Deus) - e também por outro, na mesma partida, considerado o mais bonito da história das Copas, em que driblou quase todo o time inglês antes de balançar as redes. Há quem diga que foi a maior atuação individual de um mesmo jogador em um Mundial.

Ao longo desta quarta-feira, não faltaram homenagens. O Rei Pelé, com quem Maradona sempre disputou o posto de maior jogador da história, desejou força à família e disse que, um dia, eles baterão bola juntos no céu. O ex-jogador Careca - a quem o argentino já considerou seu melhor companheiro de ataque, quando atuaram juntos no Napoli - pediu que o "irmão" Diego fosse recebido por Deus com os braços abertos. Já o astro Lionel Messi afirmou que o ídolo os deixa, não se vai, porque é eterno.

Na Argentina, o presidente Alberto Fernández decretou oficial luto de três dias pela morte do "maior de todos". A Conmebol, confederação de futebol da América do Sul, adiou o jogo entre Internacional e Boca Juniors, que seria disputado nesta quarta-feira, no Beira-Rio, em Porto Alegre, em respeito à forte ligação entre Maradona e Boca.

O astro era técnico do Gimnasia Y Esgrima, de La Plata (Argentina), mas estava afastado devido ao tratamento de saúde. Ele deixa dois filhos e três filhas.

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