| 08 SANGUE NA TERRA. Mato grosso lidera ranking nacional de violência no campo, diz CPT.mp3 |
Foto da manchete: Fórum de Direitos Humanos e da Terra
Por Jurandir Antonio – Voz: Yaponira Cavalcanti
Texto do áudio
O Caderno de Conflitos no Campo Brasil 2024, publicado pela CPT, Comissão Pastoral da Terra, foi lançado recentemente, na UFMT, Universidade Federal de Mato Grosso, em Cuiabá, durante evento promovido pelo Fórum de Direitos Humanos e da Terra e pela CPT Mato Grosso.
O relatório revela um cenário de agravamento extremo da violência no campo em todo o país, com destaque preocupante para o estado de Mato Grosso, que figura entre os mais violentos do Brasil em praticamente todas as tipificações de conflitos.
De acordo com os dados, Mato Grosso registrou aumento de 137,25% no número de ocorrências de conflitos e 518,27% no número de pessoas envolvidas, em comparação com o ano anterior.
O relatório aponta que a violência no campo cresceu em todas as regiões do estado, com destaque para o Nordeste, com 40%, e Norte, 34,5%, além das regiões Sudeste e Sudoeste, que apresentaram aumento de 150% em relação a 2023.
Os principais agentes de violência foram fazendeiros, empresários, garimpeiros e grileiros, com crescimento expressivo na responsabilidade por conflitos: fazendeiros, que representam 60% dos casos, empresários, com 180%, e grileiros, 150%.
Já as principais vítimas continuam sendo indígenas, assentados, sem-terra, quilombolas e posseiros, grupos que também sofreram aumento de violência: indígenas subiram 200%, assentados, 166%, sem-terra, somaram 83%, quilombolas, 50%, e posseiros, 20%.
Entre os dados mais alarmantes estão o aumento de mais de três mil por cento nos incêndios em áreas de conflito e de 661,1% na destruição de pertences.
Mato Grosso foi o estado mais afetado do país pelos incêndios, concentrando 25% de todos os casos registrados no território nacional.
A violência contra povos e comunidades tradicionais cresceu de forma desproporcional. Contra quilombolas o aumento foi de 1.717%. Contra posseiros, a violência cresceu 854%, e contra indígenas atingiu 357%.
Os conflitos pela água também se intensificaram, com aumento de 87,5% nas ocorrências e 723,9% nas famílias envolvidas.
O relatório aponta ainda 250 famílias intoxicadas por agrotóxicos em conflitos pela terra, o 6º maior número do país, e um aumento geral de 108% nas contaminações.